Cas.ti.go, masculino
Etimologia: Derivado do verbo castigar.
Tá ai uma frase que é muito escutada aqui em casa: “tá de castigo!”. Antes de me darem a vassoura de bruxa deixe-me contar a historia.
Primeiro, prefiro voltar ao passado, a minha infância. Na minha época não existia “lei da palmada” – Xuxa só servia pra entrar e sair da nave -, e sim eu levei alguns tapas da minha mãe. – O que não fez com que meu amor diminui-se, mas isso é pauta para outro post, rs. – Já meu pai, não era adepto as chineladas. Sempre que conto das broncas de seu Rui, falo sobre o olhar que ele usava quando condenava algo que fazíamos, era muito pior que uma pisa, rs. Painho colocava de castigo sem dó, e aplicou esse método basicamente até os meus 18 anos, cortava internet, telefone e passeios. Embora eu fervesse de raiva, respeitava e não quebrava nenhuma das regras. Hoje em dia tenho uma ótica positiva sobre esses castigos, surtiam um efeito danado. (Preciso salientar que, minha mãe é uma pessoa maravilhosa, sou loucamente apaixonada por ela.)
Quando Maria nasceu e começou a colocar em prática suas trelas, me peguei pensativa, como eu reagiria e castigaria as atitudes dela. Marcelo sempre condenou palmadas, e foi então que fechamos o pacto, nada de tapinhas ou tapões, decidimos por adotar um cantinho da disciplina – obrigada, Super Nanny! -.
Eu sempre brinco que sou a melhor mãe do mundo na teoria. Li um bocado sobre as formas de aplicar os castigos, sobre tom de voz e postura. Tudo pra tentar criar uma moral diante da situação. Mas, no fundo no fundo, eu sabia da minha covardia, e me conhecendo bem, eu não conseguiria ser sempre equilibrada o suficiente para não gritar, explodir, sapatear e porque não, chorar.
Meu erro.
Se no meio de uma birra ou desobediência, Maria não atendesse as minhas ordens, eu desistia de primeira, e ai cometia o maior erro, gritava logo: “Olha Marcelo, vem ver o que Maria está fazendo!”. Ou seja, eu mesmo tirava a minha autoridade e transferia o abacaxi pra ele. Que para a minha sorte, sabia contornar a situação.
Sempre que alguém me via chamar por Marcelo, me alertava sobre eu estar fazendo errado. No começo eu não via dessa forma, até que vi que estava perdendo as rédeas e decidi, era hora de assumir a pose de mãe que diz não e pior, castiga.
Teoricamente é fácil, na prática...
Quando José nasceu, o primeiro mês – aliado ao famoso “terrible twos” que eu contei aqui – foi marcado por birras históricas de Maria Cecília. Eu tinha que colocar em prática tudo que eu li, como sempre falar baixinho, mostrar que estava calma, que aquela situação me deixava triste, agachar pra falar de igual pra igual.
Por muitas vezes eu conseguia, e sim, surtia efeito. Mas, nem sempre eu to “budista” o suficiente... o sono, cansaço, a irritação e tantas outras coisas, me fizeram gritar, perder o controle e chorar.
Sim, eu chorei na frente da minha filha. Depois de tentar vesti-la por dezenas de vezes, para que pudéssemos viajar, e ter como resposta muito choro e manha, deixei ela sozinha na sala e fui para o meu quarto, enfiei a cara no travesseiro e comecei a chorar. Me senti impotente. Como eu não conseguia controlar uma criança de apenas dois anos de idade? Quando decidi respirar, notei que ela estava paradinha na minha porta, com os olhos cheios de lágrimas e me perguntando se eu estava triste. Respondi que sim, que aquela atitude dela tinha me deixado muito triste. Ganhei um abraço aliado a um pedido de desculpas e uma promessa “Fica calma, mamãe. Nunca mais eu te deixo triste, prometo!”. Obviamente que ela já trelou um bocado depois disso, mas a inversão de papéis daquele dia, me fez refletir muito sobre a minha postura.
As artimanhas de Maria.
Quem conhece Maria Cecília, sabe a pecinha que ela é. Inteligente e esperta, o combo da enrolação, rs. Sempre que leva uma bronca, ou é mandada para o quarto de castigo, ela usa um dos seus maiores poderes, a fofura!
Trata logo de dizer que ama MUITO, que sabe que é culpada – não se espantem Maria tem um vocabulário riquíssimo, até eu me assusto às vezes, rs – que jamais fará de novo, que o mal dela é sono e todo o blá blá blá pra fugir do castigo.
Manter-se firme diante dessas malícias não é fácil, vez ou outra tenho que respirar fundo e prender o riso, porque tudo isso é bonitinho hoje, mas talvez amanhã não seja tão engraçado assim.
Deixa isso é sono!
Se não bastasse a habilidade dela para tentar escapar do cantinho da disciplina, tem sempre alguém que pra justificar o ato errado. Vez ou outra dizem pra deixar passar, que tudo aquilo só aconteceu por ela está com sono. E de tanto Cecília escutar esse argumento, e achar que ele era funcional o suficiente, começou a usar como trunfo. Ela mesma dizia: “Não briga comigo, sabe o que é isso? É sono!” Mas, Marcelo sempre a advertia, afirmando que quem estava com sono dormia, e não fazia coisas erradas.
A gente acha que não, mas eles são muito observadores e usam tudo a favor deles. É por isso que as pessoas deveriam pensar e repensar antes de “meter o dedo” na hora em que um pai/mãe está tentando corrigir algo do filho.
Compreendendo o castigo.
Decreto que ela está de castigo e pergunto se ela sabe o motivo, ela abaixa a cabeça, como quem quisesse fugir da bronca e diz que sabe. Quando é questionada pelo motivo, ela sempre diz: “eu não sei!”. Rebato dizendo que ela sabe que é errado, que não pode e que ainda assim ela fez. Então ela precisa ficar de castigo pra pensar um pouco. E o castigo só tem fim se ela permanecer quieta, e depois de bons minutos resolver pedir desculpas.
Se nada disso funcionar, começamos avisá-la que o comportamento errado a fará perder de assistir TV ou de realizar algum passeio, pra que ela possa entender que quem não se comporta não se da tão bem assim.
Castigar pra que?
O castigo é a conseqüência de algo errado que a criança fez, e ela precisa ter ciência disso, é importante explicar o motivo da punição. – odeio essa palavra, acho forte. Né? –
Castigar tem como objetivo fazer a criança fixar regras, ajudando ela a crescer com uma conduta equilibrada, um individuo saudável e bem instruído.
A conseqüência positiva disso tudo, é que a criança vai absorver a real intenção de ter sido castigada e tentará agir direito, conforme as regras, estimulando assim a capacidade de superação e crescimento.
Bom comportamento e aplausos!
Da mesma forma que sabemos dar broncas e aplicar o castigo, também devemos elogiar o bom comportamento.
Aqui temos o costume de aplaudir uma boa conduta, uma conquista nova ou quando ela respeita a ordem de primeira. Às vezes rola um chocolate como prêmio, acho legal incentivar e mostrar que aquela atitude positiva fez com que ficássemos felizes, e de tabela, ela se enche de orgulho e fica feliz também.
Cada pai educa seu filho da maneira que acha pertinente, não estou criando um padrão e nem dizendo o que é certo ou não. Que isso fique bem claro, rs.
A intenção desse post é dividir com vocês a minha experiência, e quem sabe assim ajudar de alguma forma. Além de mostrar que, não vivo um conto de fadas, pelo contrário.
Ainda assim, é importante frisar que; nós do blog Uma mãe conta, somos totalmente conta a violência infantil. Nossa crianças precisam de amor, não de agressões!
E vocês, como exercem a autoridade enquanto pais? Comenta aqui pra a gente trocar uma idéia, beleza?
Fico por aqui, beijos!
0 comentários:
Postar um comentário
Eu, a Maria e o José, vamos adorar um recadinho.