30/01/2013

Santa Maria... um coração miudinho.


Nunca mais tinha conseguido postar, preguiça, falta de tempo e Mariazinha, formavam o combo que me impediam de vir aqui.
Cheguei a preparar um post sobre o meu casamento que aconteceu nesse mês, mas... nada, nada mesmo, tomou meus olhos como essa tragédia.

Tenho a mesma idade de muitos que estavam naquela boate e me senti tomada pela mesma fumaça, aquela que impediu todos eles de seguirem em frente e deixou nas casas um vazio imenso. Meu coração que sempre considerei tão largo, hoje fica miudinho diante de tanta tristeza.
E como dizia o Renato: "É tão estranho os bons morrem jovens"

Não adianta vir com balela, eu sinceramente nunca prestei atenção se nas boates que eu frequentei, possuíam sinalizações de emergência e muito menos averiguei se o alvará de funcionamento estava legal.
Eu só tinha sede de diversão!
Imprudência ou não, eu nunca me importei com  esse tipo de segurança, talvez por carregar comigo sempre o pensamento de que jamais, nunca, algo do tipo poderia acontecer, muito menos comigo. Acredito que muitos daqueles jovens traziam no peito o mesmo pensamento.

De modo algum eu consigo imaginar o desespero deles, a sensação de sufocamento e os pensamentos que os tomavam diante do medo de não poder voltar mais pra casa. Isso me perturba demais! 
Você sai de casa, cheio de energia, pra encontrar amigos e se divertir em uma festa e simplesmente tem seus sonhos tomado.
Sim, eu acredito que tudo isso tem um propósito, que o cara lá de cima que tudo vê, tem um porque pra isso tudo e que nós somos tão pequenos diante disso que não compreendemos tais motivos.
A dor nos cega, a raiva nos toma e a saudade embriaga. É de se entender!

E por ser mãe, o que mais me toma as noites de sono é imaginar, como andam os corações despedaçados das mãezinhas que tem agora o seu ninho vazio. Como lidar com essa dor?
Duvido que alguém tenha uma receita pra isso...

Quando eu engravidei de Maria, sempre me achei muito louca por brincar de imaginar o futuro, de limitar idade pra namoro, saídas, possíveis piercings... na verdade, colocar um filho neste mundo é de dar medo.
A falta de responsabilidade dos donos das casas de shows, a violência que nos rodeia, as drogas que constroem um ciclo que parece infinito e tantos outros motivos, nos fazem ter vontade de criar nossos eternos bebês dentro de uma bolha.
Mas não, isso não é possível!
Desde muito pequena eu escutei que nós criamos os filhos para o mundo, e essa é a mais pura verdade.
Podemos orientar, mostrar o caminho certo e só, essa é a nossa missão.

Eu escutei muitos nãos do meu pai, questionei vários deles, chorei muitas vezes com raiva de ter perdido a festa que todos foram, menos eu, por motivos que eu nunca compreendia. Até hoje...
Hoje eu entendo que os limites que ele me deu eram necessários, na verdade, ele sabia a hora de tudo, ele só queria me ensinar a viver.
Assim como os pais destes anjos, que agora tem como casa o céu, de nada tem culpa, eles só deixaram os filhos viver!

Quanto tempo essa fumaça vai cobrir o sorriso de Santa Maria é impossível de dizer...
Não só a cidade se fechou em tristeza, o Brasil todo chorou com a notícia do incêndio.
Nos resta esperar por justiça, pedir por aqueles que ainda permanecem em hospitais e abraçar mesmo que de longe o coração daqueles que ficaram sem um ente querido.

O sinalizador, a porta estreita, a fumaça tóxica, os seguranças sem informações, extintores falhos, saídas sem sinalizações... tudo isso compôs uma noite triste, que vai ecoar por tanto tempo em nossas cabeças.

Eu peço paz e mais amor pra todos nós!
 
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