29/01/2014

Uma Odisseia.

E cá estamos com 33 semanas.
Sempre comentei sobre a gravidez calma, nada de sustos, ou enjoos. 
Dava até pra esquecer que eu estava grávida se não fosse a barriga crescendo, rs.
Dava...

Fazem algumas semanas que o cansaço veio morar em mim. Não falo só de sono (até pq vivo entra a brincadeira gato e rato, hora com sono, hora insone), mas daquele cansaço físico, fadiga muscular, dor na pelve... aquele combo de dores que te fazem parecer uma sucata, rs!

Como eu pretendo tirar a licença maternidade aos 45 do segundo tempo, ainda estou trabalhando. Apesar de não ter um emprego que exija muita ousadia do meu físico, são longas 8 horas de trabalho, sentada (numa cadeira cruel), o que me faz chegar em casa no final do dia parecendo que apanhei. 
Essa semana veio dolorida demais, de segunda pra cá não encontro posição alguma que me conforte, e passei a ser a grávida mais "reclamona" do Brasil.
Só que ontem foi a gota d´água!
Fui me deitar perto das 23:00h, até achar um jeitinho na cama que não me fizesse reclamar, devo ter cochilado coisa de uma hora, até me acordar com uma cãibra surreal nas duas pernas, sendo na perna esquerda a dor mais violenta. Chamei Marcelo pra me ajudar (o lado bom do homem jogar bola é esse, eles sabem amenizar cãibras), passamos uns 10 minutos duelando com a cãibra que não cessava, ai eu desabei...
Chorei de dor.
Chorei como Maria Cecília chora, querendo colo mesmo, talvez até por manha, mas chorei principalmente de cansaço, de dor, de sono.
Só chorei.
Até Maria acordou preocupada com o pq do meu chororô (a coisa mais linda do mundo).
Depois de domar a cãibra, fui pra sala, caminhei, sentei, levantei... doía tudo, quadril, pelves, costas, pernas... quase me juntei e me atirei fora, rs!

Até pegar no sono de novo foi uma novela. Acordei cedo, com a necessidade de ir trabalhar, mas Marcelo me convenceu que hoje não daria, que eu tinha chegado no ápice do cansaço e chegou a cogitar antecipar a minha licença (o que está fora de questão). Ok. Concordei em descansar, só que havia a necessidade de ligar pra minha médica, talvez eu precisasse de um remédio, de qualquer recomendação, ou até mesmo, de palavras que me fizessem crer que tudo ia ficar bem.
Ai começou o "looping" de decepções.
Vale salientar que escolhi essa médica (não vou citar nomes) depois de uma pesquisa na internet, liguei pra pedir referências e tudo mais. Mas, desde o comecinho nunca senti a confiança necessária, sabe? Eu tinha uma mania danada de comparar ela ao médico que cuidou da gravidez da Maria (que é de outra cidade, por isso não pude ser assistida por ele novamente), e Marcelo me convenceu de que eu devia dar uma chance.
Eu devia ter confiado no meu "feeling".

Quando ela atendeu o telefone, fui me identificando, disse meu nome, plano de saúde e com quantas semanas de gestação eu estava, tentando assim fazer com que ela recordasse de mim (duvido muito!), quando comecei a tentar explicar o que eu sentia, fui cortada, ela me mandou ir para a emergência da "MINHA MATERNIDADE", questionei qual seria a maternidade, sem paciência ela devolveu: "Você que tem que saber qual maternidade seu plano da cobertura.". Fim de papo.
Tive que segurar o choro, dar uma respirada.

Comentei com Marcelo o diálogo nada amigável, mas decidi que iria a emergência, afinal de contas eu ainda tava com dores, e agora com uma puta dor de cabeça.
Chegando na tal maternidade, a demora no atendimento foi absurda, mas ok.
Quando enfim sou chamada, sou atendida por um médico de cara fechada, que já foi me questionando sobre um possível trabalho de parto, questionando se havia sangue, perca de líquido... e fazendo pouco caso das minhas dores.
Mesmo assim fui submetida ao toque. Ao retornar pra sala, me disse que eu tinha sintomas que podiam ser do parto, entretanto o colo do útero estava fechado, e tudo que eu tinha era normal (oi?), o que ele podia fazer por mim (a voz dele tinha tom de: "estou fazendo favor"), era me passar um remédio e pronto.
Marcelo foi questionar sobre um possível repouso, ai veio a ignorância final...
"Não vou dar atestado nenhum, ela não está doente, o que eu posso fazer, é dar uma declaração do horário em que ela esteve aqui"

A sensação que eu tive era de que ele estava me tratando como uma mentirosa, sai de lá engasgada e ainda com dores.
Ok.
 Ao chegar em casa falei com a minha médica, disse que conforme ela tinha dito fui a tal emergência, fui mega mal atendida, além de questionada sobre o que fazia numa emergência se nem estava em trabalho de parto (como se eu fosse vidente e conseguisse adivinhar sobre isso), contei do remédio que me foi passado e de que como o meu repouso foi desdenhado e ironizado.
Ela por sua vez, me falou que eu podia tomar o remédio, que ele serviria para amenizar as dores, e que ela podia me ceder o repouso, com tanto que eu fosse no seu consultório e pegasse COM SUAS SECRETÁRIAS O ATESTADO. Ainda me sugeriu que eu avisasse antes quantos dias EU ACHAVA NECESSÁRIO.

Uma piada? Não, não.
Isso mesmo, sem tocar um dedo em mim, nem olhar pra minha cara, ela iria me dar quantos dias eu achasse necessário (devemos levar em consideração de que a médica era ela).
Como se todo meu problema fosse a porra de um atestado. (desculpem, mas em certas frases palavrão se faz necessário).

Nem preciso comentar sobre a sensação de abandono que eu senti, né?
Caso eu tivesse em trabalho de parto, teria tido meu filho com esse plantonista do mal, ela nem saberia, pois não me ligou hora nenhuma e nem muito menos foi a maternidade.
Sabe pq? Pq ela faz parte dessa remessa de médicos que acham que partos devem ser agendados, que emergências são chatas e fora de hora. Simples.
Não foi hora nenhuma minha parceira, não se mostrou preocupada, me deixou só.

Ai quando eu lembro do SUPER médico que Dr. Antônio era, que nunca me desamparou, que tava sempre ali, disposto, cheio de carinho e atenção, fico me sentindo perdida nas mãos dessa mulher.

Talvez seja tarde pra mudar de médica. Mas, como eu fui jogada nas mãos de qualquer um hoje, pq continuar com ela?
Graças a muita gente que viu meu drama de pertinho, já estou procurando outra obstetra.
Tive uma gravidez tranquila, conto em uma mão os meus atestados, pq nunca me queixei de nada, e no único dia que preciso... sou super maltratada.
Vale contar pra vocês que meu plano de saúde é tido como um BOM PLANO. (avaliem se não fosse, ein?)

José não vai nascer pelas mãos dessa médica ausente e insensível. Não mesmo!

Desejem-nos sorte, pq depois dessa odisseia de hoje, começamos uma nova odisseia, a de achar uma nova obstetra.
O pré-requisito pra essa? Ter coração.

17/01/2014

Huuum... senti cheirinho de ciúmes!

Desde que engravidei de José, Maria vem participando de tudo.
Sempre curtiu o nome José, e aprovou a nossa escolha, dizendo logo a todo mundo que o bebê que morava na minha barriga se chamava "Zezinho".
Como eles vão dividir quartos, instalamos as coisas do José sem que fosse preciso deixar ela sem espaço, ou mudar muitas coisas de lugar. A ideia sempre foi não tornar José um estranho, mais sim um parceiro que iria dividir o mesmo cantinho com ela.
Como reaproveitei muitas coisas dela, fiz questão de mostrar a ela tudo o que Zé herdou.
O berço por exemplo, ela já diz alegre que é do José, nem lembra mais que foi dela.

Quando fomos comprar o enxoval, fiquei meia temerosa, eu ia chegar cheia de sacolas e pela primeira vez nada seria pra ela. O que me fez repensar a ideia, findei trazendo um bauzinho de guardar brinquedos no formato do "sapo que não lava o pé". Apesar de Zé ter ganho um caminhão de coisas, a ideia do sapinho foi supimpa, ela não se sentiu excluídas dos ganhos.
De fato, não concordo muito com o fato de que se José ganha algo, automaticamente ela terá que ganhar também.
Só que essa fase inicial é delicada demais, quebrei alguns pensamentos que tinha, caso ele ganhe algo, deixo ela abrir, achar que dobrou, guardou, ou deixo ela examinar tim tim por tim tim da coisa toda.
Até compramos um cofrinho pra que ela aprendesse a juntar moedinhas e assim comprar novos presentinhos pra ela.

Até então, nunca tinha sentido nada perto de um ciuminho dela. Talvez pq eu ainda não tivesse parado pra arrumar nada do José, por exemplo a bolsa, gavetas, brinquedos.

Eis que hoje ela mostrou (do jeitinho dela) que dividir a mãe com alguém que ainda nem deu as caras não é tarefa fácil...

Cheguei com um monte de guloseimas que minha sogra mandou pra ela, deixei ela escolher os que ia comer e escolhi uns pra mim. Depois peguei caneta e papel e ela me mostrou que tinha aprendido a desenhar círculos, e toda animada me contou que minha mãe tinha ensinado isso a ela.
Bati palmas e seguimos desenhando outros rabiscos abstratos, rs!
Como ela não é de parar muito tempo numa brincadeira, logo resolveu ir para o quarto dela, experimentar vestidos. Fui atrás, troquei uma, duas, três vezes... ela queria usar todos os vestidos, pense!
Foi quando olhei pro lado e fitei o berço de José, abarrotado de roupinhas que eu lavei, porém não tinha passado ainda, nem guardado, nem nada.
Ai cometi meu pecado, pelo menos pra Maria.

Tratei de buscar o ferro pra passar aquela demanda imensa de micro roupinhas, pra que ela não ficasse de fora, peguei a tábua e o ferro de passar de brinquedo que ela tem, dei um vestido a ela e tentei fazer com que ela participasse do passa-passa.
Mero engano...
A primeira providência dela foi olhar para calça de José e dizer: "Acalça de Zé é feia, o meu vestido é lindo!"
Corrigi dizendo que os dois tinham roupas lindas, que eu tinha comprado com o mesmo amor pros dois.
Não satisfeita ela empurrou a tábua de passar dela e disse que queria voltar a experimentar vestidos, eu disse que ela podia provar, só que eu ia terminar de passar as roupinhas e que faria isso rápido.
Pronto, motivo dado, escândalo armado!
Começou a chorar, aquele choro sentido, de manha, de quem quer atenção mesmo, e ai resolveu me empurrar, com raiva.
Depois começou a me chamar de "mamã",e a piorar as birras.
Tive que respirar fundo, controlar o cansaço e o estresse pra mandar ela parar de uma forma não tão agressiva.
Nessa hora Marcelo que estava tomando banho, saiu do banheiro pra amenizar a gritaria. Quando Marcelo questionou ela do motivo do choro, ela disse já parando de chorar: "Não sei!" (com voz de manha).
Marcelo pegou ela e eu tornei a arrumar as roupas de José. Pensativa. Essa foi a primeira crise de ciúmes de Maria... isso é normal, eu sei. Pode até piorar, sei mais ainda. Mas, o que me preocupa, é até aonde eu vou controlar isso? Ou até quando respirar fundo vai controlar o meu estresse e cansaço? Sabedoria de mãe... instinto de mãe, vou contar com essas armas secretas, mesmo!

Fui tomar um banho, e quando cheguei perto dela, falei o quanto eu amava a ela e a José. Que amava "muitão" os dois, do mesmo jeitinho. E perguntei se ela amava o José também. Com um sorrisinho de carinho ela disse: "Amo sim, muito! Vai mamãe, vai arrumar as roupinhas dele, tá bom?"

É complicado fazer uma pessoinha compreender a divisão do espaço, tempo, com alguém novo.
Eu me lembro quando minha irmã mais nova chegou e aquilo me parecia desesperador, outro bebê pra dividir a minha mãe. Que agonia!
Mas, foi só Carol chegar pra eu amar cada minutinho com a minha irmã. Pra implorar pra mainha deixar eu lavar a cabecinha dela, ou escolher uma roupinha pra passear.

Talvez quando ele nascer, conforme eu for inserindo ela nas atividades do José, ela curta essa atmosfera de cuidados, e vai ver que José chegou pra somar, não pra dividir :)
 
Uma mãe conta. ©Template por 187 tons de frio. Resources: Deeply // Ava7