26/01/2015

Um encontro comigo mesmo.



Pra quem não sabe eu tenho 26 anos. Apesar da pouca idade, eu já vivi um bocado. Ou melhor, eu me permiti viver um bocado. Aos 19 eu resolvi sair da zona de conforto, troquei a casa dos meus pais por um apartamento com mais duas amigas. Tive a difícil missão de administrar trabalho, faculdade, casa, balada e tudo o mais que uma vida de adulto exigia.  
Costumo dizer que eu já fui muitas Larissas. Fui uma criança falante, uma adolescente que falava através dos cabelos coloridos, uma universitária paqueradora e uma mãe teórica. Por mais que cada fase tenha exigido de mim uma performance diferente, no fundo no fundo, eu sempre tive a mesma essência. Eu nunca fugi de quem eu realmente era, por mais complexo que pareça ser fugir do seu eu. - Tá complicado isso, né? rs 
O que eu quero dizer na verdade, é que eu sabia bem quem eu era. E de uns tempos pra cá, parece que eu havia esquecido de tudo isso... Quem era eu afinal? 
Esse final de semana eu tive uma vontade de mim. Queria colocar um bikini, descer as escadas em silêncio, pegar um ônibus e ir a praia. Chegar lá cedinho, como eu sempre fiz, e pedir uma cerveja - mesmo que ainda fossem 7 da matina -, navegar com o celular pelos sites de fofocas, ou reler o livro do Duvivier. Tudo isso sem pressa. Escutando alguma música besta, ou que relaxasse a minha alma.  
Não queria me preocupar com o que eu almoçaria - pão com qualquer coisa, talvez -. Eu tomaria um banho e dormiria de cabelos molhados -mesmo que eu acordasse um leão, rs -. 
Tive vontade de marcar um encontro com Marcelo - meu marido -, só pra sentir frio na barriga, ir para um bar e ficar de papo bobo, em clima de paquera. E quem sabe o que viria noite a fora... 
Eu nem gosto de carnaval - apesar de morar em uma terra (Recife) que respira isso -, mas tive vontade de montar a minha programação, daquelas que você teria que ser onipresente pra poder curtir tudo.   
Ou seja, eu lembrei de como era ser eu. E de como eu sinto saudades de mim mesmo.  
Provavelmente alguém vai ler este post e achar que eu estou reclamando da minha vida, ou pior, reclamando da existência dos meus filhos. Mas eu peço calma. E se você insistir nessa besteira, te recomendo amar. 
Maria e José são - e sempre serão - meu combustível pra vida, mas de uns tempos pra cá, eu comecei a sentir a necessidade de reviver a minha vida. Sei que a maior culpada de não ter mergulhado no mundo pós filhos é minha, só e somente minha. 
Sei que eu preciso cortar meu cordão umbilical - sim, o meu! Afinal de contas os meninos são vitais -, aceitar as condições quando Maria optar passar o dia longe da minha saia ou quando Zé achar mais conforto em outro colo, quiçá em outro colchão, rs. E ultimamente tenho trabalhado muito isso em mim. Essa coisa de querer o ninho cheio, sempre, toda hora, o tempo todo.  
Marquei um encontro com as Larissas que fui e tentei compreender cada uma delas, tentei ver o que havia ficado delas em mim, e percebi que embora eu tenha atingido uma certa maturidade, e tenha uma bagagem muita maior e mais pesada, ainda carrego muito delas em mim. E desse encontro veio uma promessa - que talvez não seja cumprida energicamente agora, mas que será -, a promessa de nos encontrarmos mais vezes, de sairmos da rotina fralda/leite/colo e ir visitar atmosferas diferentes. Topamos viver, nem que seja uma vez ao mês, ou por 30 minutos.  

Vou ser eu, disso eu tenho certeza.  

Um beijo em quem não desistiu de si mesmo, e outro maior ainda pra quem vai tenta resgatar o seu eu.


2 comentários:

  1. Venho aqui por intermédio de Lígia, que é mulher de João e por sua vez lhe conhece. Enfim, li o texto e achei impressionante cono me identifico, parece que vc me conhece e sabe o que quero falar. Achei de uma sutileza tão linda falar de um assunto desses, que todas nós, mães, queremos, mas temos um certo receio de falar. Você tá certa, certissima, botou pra quebrar. Eu, como mãe e mulher, te entendo e te apoio. Obrigada pelo texto, veio na hora certa pra mim. Bjos.

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    1. Fico feliz em ler comentários assim, quem agradece sou eu. Espero que possamos nos encontrar (identificar) em tantos outros posts. Beijo grande!

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Eu, a Maria e o José, vamos adorar um recadinho.

 
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