21/05/2014

"Terrible twos" - A adolescência de Maria.


Essa semana encaramos uma das fases difíceis de Maria.
É bem verdade que com a chegada de José, as coisas por aqui dera uma "desandada". A manha ganhou mais frequência. E sempre tem alguém querendo justificar os erros de Maria Cecília com "sono" ou "ciúme". Mas, até então era possível controlar a situação, aplicar o castigo e conversar. Claro que tinha uma certa resistência, um pedido de desculpas pra fugir do castigo e todas as artimanhas de Maria.
Mas nessa semana as coisas fugiram do controle. Era como se Maria quisesse ditar as regras. Qualquer frustração era fatal! E foi...

Antes de tudo, preciso contextualizar sobre o "Terrible twos", no nosso bom português "terríveis dois anos", também conhecido por muitos especialistas como "adolescência do bebê".
Eu já tinha lido sobre, mas nunca achei que gastaria uma tarde toda lendo sobre o tema, como uma saída pra tentar retomar as rédias da nossa situação.
Claro que vão ter mães que vão julgar isso como "frescura". Vão citar exemplos "meu filho nunca fez isso!" ou pior, alertar que falta uma "pisa". 
Descarte todos esses pitacos. Assim como nós adultos, crianças se frustram, ficam bravas, tristes... existe um emocional sendo construído por traz dessas ferinhas.
O principal ingrediente para lidar com essa crise dos dois anos é a paciência.

Então, vamos as considerações:

O que é o "Terrible twos"?

Prepara-se! Nessa fase serão comuns  gritos. Onde está a criança calminha? 
A adolescência do seu bebê chegou, é hora de apertar o botão paciência e gasta-lo todinho.

Essa fase é marcada por frustrações. A criança começa a experimentar o sentimento de frustração e obviamente não gosta.
Os terríveis dois anos começam a valer quando a criança completa mais ou menos um ano e meio e perduram até o terceiro ano de vida.
Vale salientar que essa crise vem de várias maneiras, algumas crianças a apresentam de forma mais branda, outras não...
É normal que na adolescência do bebê ele se recuse a obedecer os pais. Atos simples como mudar uma roupa, guardar um brinquedo ou ir a determinado lugar, viram uma guerra. 
Chega a hora em que ele acha que pode optar, ter suas próprias decisões, está se formando ali um individuo, é a hora que eles começar a criar pequenas independências.
A criança enfrenta então o maior conflito, não obedecer e lidar com a emoção de magoar os pais. 
E por mais que não pareça, a criança sente muito ao ver o pai ou a mãe magoados.
O desgaste emocional vem para o bebê e para os pais. Vale lembrar sempre quem é o adulto, e ai é controlar (ou tentar) a situação.


Como lidar? 

Os principais ingredientes são paciência e amor.

A criança já está passando por um descontrole emocional, então controlar suas ações será extremamente necessário.
Evite gritar!
Conversar também é vital. De preferência abaixe-se, tente ficar da mesma estatura, olhar fixamente nos olhos e manter a voz firme. Explique a criança o quanto aquilo deixou vocês triste e que caso aquela birra venha a se repetir será aplicado um castigo, para que ela possa repensar suas atitudes.
Por mais complexo que pareça ser, acredite, a criança entenderá.
Obviamente, caso a teimosia der o ar de sua graça novamente, será necessário aplicar o castigo, assim a criança começará a entender quem tem o controle da situação.
Não bata! Tentar reverter um quadro de agressão com mais agressão, não é nada eficaz.
O diálogo sempre será a maior arma contra tudo.

Se ele se jogar no chão? Espere que se levante! Não se renda as chantagens. Oriente! Explique que só conversará quando ele se acalmar, parar de chorar e se levantar.

Essa fase de construção emocional da criança é bem complicada. Os pais então vem com o papel de ir ajudando nessa empreitada. Mostrar o que é certo e errado, explicando os sentimentos, que compreende a frustração do bebê, mas que ele não precisa bater, xingar ou chorar para externa-las.

Lembre-se, esse comportamento é uma fase natural da criança, faz parte do seu desenvolvimento, do seu equilíbrio, é orgânico.


Vivendo os terríveis dois anos!

Resolvemos ir buscar Maria, nós três, eu, Marcelo e José.
A muito tempo venho sendo cobrada por ela, sempre questionando quando posso ir busca-la, mas o tempo chuvoso e José me prendem em casa. E nesse dia tudo conspirava a favor.
A primeira impressão ela adorou quando nos viu. Mostramos as tias do colégio o tão falado irmãozinho de Maria e ela ficou do lado para apresentar. Tudo certo.
Na saída passamos no mercado, onde ainda fomos convencidos por Cecília a comprar um salgadinho. 
Como não moramos longe do colégio, fomos andando. O combinado é que Maria só iria para o braço quando fossemos subir as escadas, vale lembrar do seu peso e que moramos no terceiro andar.
Assim que chegamos embaixo do prédio, ela começou a resmungar cansaço. 
Como Marcelo estava abarrotado pela bolsa, lancheira, pasta e sacolas, disse a ela que a carregaria somente na escada. Deu-se o drama!
Aos gritos (estridentes) Maria começou a indagar que queria braço, não sendo atendida de imediato, começou a gritar cada vez mais alto. Maria é urgente demais!
Diante da situação Marcelo disse que se ela não parasse ele iria tomar o salgadinho. Ela não parou...
Com o salgadinho nas mãos, pra amenizar o escândalo, Marcelo tomou elas nos braços. 
Ai começou a luta!
Ela já não sabia pelo o que estava gritando, se era pelo cansaço ou pelo salgadinho.
A situação era frustrante pra ela e pra todos nós.
O ápice foi ela tentar bater em Marcelo, ou aperta-lo num ataque de fúria. Eu nunca vi Maria assim.
Quando chegamos em casa, a ordem dada era que ela fosse para o quarto, deita-se na cama e pensasse sobre o que tinha feito. Geralmente ela nos atendia, mas naquele dia não.
Foi ai então que eu decidi entrar na conversa. Fui para o quarto dela determinada a não deixa-la descer da cama, antes de abrir a porta respirei o mais fundo que eu podia, eu precisava de paz interior, precisava controlar o meu emocional para lidar com a instabilidade do dela.
Ficamos "duelando" uns 20 minutos, entre gritos histéricos de Maria e pedidos de desculpas, tentativas de mordida e muito choro.
Ela me abraçava pedindo desculpas e eu via que ela estava tão triste quanto eu. Mas quando eu dizia que só a desculparia quando ela me falasse o que tinha feito, ela voltava a gritar e a espernear.
Foi ai que eu abracei ela. Abracei bem forte, disse que eu tava ali, que eu era amiga dela, que aquilo me magoava, deixava o pai dela triste. Que nós fomos pegar ela na escola cheios de amor, e que ela não estava retribuindo da melhor forma e por isso estava de castigo. E tonei a perguntar se ela sabia o motivo de estar de castigo. Ai ela respondeu: - Eu teimei mamãe!
Me abraçou, beijou, pediu novamente desculpas e deitou. Findou dormindo. Mas ficou lá!
Assim que a acordou, me chamou pra pedir desculpas de novo e fez o mesmo com Marcelo.
Eu me senti ganhando uma batalha, rs.

Claro que ainda rola uma birra vez ou outra. E que dá vontade de ter a super Nanny de vez em quando, rs.
Mas faz parte do ciclo de desenvolvimento. O mais interessante é que estamos evoluindo juntos.
E enquanto isso não passa, temos que contornar o nosso próprio desequilíbrio emocional, passar segurança pra ela e fazer com que ela entenda que nem tudo na vida é como a gente quer, que se frustrar faz parte de crescimento, que é preciso calma, saber esperar e aceitar não quando eles forem nos dito. E eu sei que com amor nós vamos conseguir passar por essa fase. E amor nunca esteve em falta para Maria. Nunca!

E sabe o que eu pensei agora? Que eu ainda vou enfrentar outro adolescente de dois anos logo mais... José! Aperta os cintos e vamos nessa! 

E vocês? Já passaram por essa fase ou estão passando? Me conta ai!





4 comentários:

  1. Tu és uma mãe incrível, adoro teus posts! Precisa de supernanny não, viu?

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  2. Meu bebê tem cinco meses e eu fiquei imaginando como será quando chegar os dois anos...

    Não sou sou do tipo de mãe que ouvi pitacos ou copia a criação dos outros,
    mas adoro seus posts e me inspiro muito neles, viu?!! :)

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  3. Fico muito feliz com esse feedback positivo.

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Eu, a Maria e o José, vamos adorar um recadinho.

 
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