06/06/2014

Corpo de mãe.

José com 7 dias de vida.

Corpo. 
Quantos complexos uma mulher é capaz de carregar por não conseguir aceitar seu corpo?
Quantas marcas ficam depois da gravidez?
Você é feliz com o seu corpo?

Quando Maria nasceu, mamou e dormiu, lembro que uma das minhas curiosidades foi levantar o lençol e ver a minha barriga. Pra minha surpresa, ainda parecia que eu estava grávida de pelo menos 6 meses. Contei pra mainha, triste, sobre minha frustração de não ter ficado com a mesma barriga de antes. Minha mãe me alertou para a cobrança desnecessária que eu estava fazendo, eu tinha acabado de sair de uma sala de cirurgia, e que logo logo eu estaria "em forma".
Por mais fútil que isso pareça, assim que eu cheguei em casa, queria usar minhas roupas de antes, não aquelas camisolas largas e feias. Peguei uma regata que coube, mas nenhum short era capaz de ultrapassar meu quadril. Pensei novamente e lembrei que tudo era muito recente, meu corpo ainda tinha que aceitar o fato de não carregar Maria.

6 meses depois do parto, eu ainda continuava apreensiva por não ter voltado ao corpo de antes.
O enraçado disso é que muitas pessoas acham que só "as gordinhas" passam por isso.
Meu problema em si, não era uma gordura localizada. Eu tinha como companheiras não gratas, flacidez, estrias no bumbum e uma barriga "quebradinha" que era capaz de marcar presença em qualquer roupa.

Entrei então num processo de desvalorização total. Pra mim, nada vestia bem ou realçava. Comprei roupas novas, acreditando que eu devia readaptar o guarda-roupas. Tudo em vão. Eu não estava feliz comigo, com meu corpo e minha aceitação era zero.
Cortei o cabelo bem curto e não foi só por praticidade. Eu que nunca fui tão vaidosa, comecei a me descuidar ainda mais. 

Ainda dentro desse conflito, escutar piadinhas sobre sua barriga ou sobre os cuidados que você deve ter com seu marido, para que ele não lhe deixe, soam como crueldade sem tamanho.
"Homem não gosta de mulher que não se cuida!"

Desculpa, mas não é esse homem que eu tenho em casa.
Claro que é preciso se cuidar. Mas no meu caso, eu precisava cuidar da alma, pra só assim aceitar meu corpo. E pra isso, eu precisava de um companheiro que compreendesse que pra mim, aquela não era uma fase fácil. E com o amor dele e elogios, eu comecei a ter uma outra visão sobre beleza.

Comecei a perceber que eu inventava mil e um motivos pra não sair de casa. Não falo em ir badalar, falo de não querer ir na padaria. De não ter vontade de pisar o pé fora de casa. 

O sinal de alerta veio quando eu precisei colocar um bikini...  tive vontade de sentar e chorar. Mas eu não queria sair do quarto derrotada e dizer que eu vetaria o passeio em família por não conseguir abraçar o meu corpo novo. O corpo que carregava agora as marcas de Maria. Marcas da vida.

Comecei a querer mudar esse jogo. Li muito sobre mulheres que passavam ou passaram pelo mesmo processo que eu. E quando você vê que não está sozinha nisso, é um alivio danado. Se elas tinham conseguido, eu conseguiria também.

E eu consegui. 
Comecei praticando auto-retrato, pra que eu olhasse meus pontos fortes. Me cerquei de batons, coisa que eu nunca tive coragem de usar. Experimentei o cabelo com e sem chapinha. Comecei a não ter medo de usar a roupa que eu queria, sem precisar da aprovação de ninguém. Amei meus seios como eles eram. Não escondo minhas estrias e não tenho mais pavor de praia.
Começar a se amar é o primeiro passo. E eu me amei.

Em dois anos eu estava grávida de novo. Foi tudo mais fácil. Meu corpo reagiu melhor ao pós-parto e a gravidade, rs. Mas o melhor de tudo, era como eu tinha outra visão da situação. Como o meu ideal de beleza havia mudado.
O quanto eu me achava interessante, mesmo se o meu traje incluísse um sutiã bege de amamentação.

Dia desses, conheci uma página em que a fotografa Darien McGuire concebeu um projeto, onde o foco principal é mostrar o corpo da mulher pós-parto.
As fotos são de uma sensibilidade profunda. E a disposição com que essas mulheres se mostraram, faz com que você ganhe mais confiança ainda. 
Ela recebe diversas fotos que contam a história dos corpos de mulheres que pariram e começaram a aprender a se reamar.

O projeto tem como nome "Beauty Revealed Project" (Projeto beleza revelada).
Pra conhecer mais do projeto clica aqui e navegue pela fanpage ou pelo site.

Separei pra vocês abaixo, minhas fotos prediletas desse projeto lindo.

E antes das fotos, gostaria que você lembrasse sempre que seu corpo carrega sua história e os sinais do tempo que você viveu. Nada é mais poético e valioso que isso. 
Não busque o corpo da capa das revistas, busque o corpo em que você se sinta bem.

Eu sou feliz com o meu corpo. Elas também são.
E eu volto a perguntar, e agora, você é feliz com o seu corpo?








Ninguém é "perfeito". E quem decide o que é perfeito?

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Eu, a Maria e o José, vamos adorar um recadinho.

 
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