26/06/2014

Viva! Brinquedos não tem gênero!


Dia desses (mentira, faz tempo) conversando com uma querida colega, Ramona (Mona), acabou rolando uma sugestão de pauta aqui pro blog.
Ela sugeriu que eu falasse sobre "meninos e meninas", sendo mais específica, sobre as regras impostas a garotas e garotos e até sobre a sexualidade deles.
Mona me disse o seguinte: 

"Eu queria saber se você tem medo, pensa a respeito, essas coisas, sobre o mundo, sobre sexualidade, sobre seus filhos vivendo e descobrindo isso perante o mundo. Preconceitos, idéias, família. Tudo isso. Sugerir, principalmente pq era algo que eu gostaria de saber o que minha mãe pensaria a respeito. Tipo, por mais que agente conversasse, queria saber o que ela pensava disso antes de ver os filhos se tornarem adultos."

Respondi a ela que, achava o tema válido (e ainda acho), mas que eu não conseguia aplicar esse assunto a minha realidade de agora, geralmente trago para o blog assuntos que eu vivencio. Acho mais fácil ter domínio pra falar sobre algo que se vive, e eu ainda não vivi isso com os meus filhos.
Mas que, olhando por um outro ponto, eu poderia falar aqui sobre algo que sempre me incomodou, essa mania de ditar que bonecas são para as meninas e carrinhos para meninos (tomando como exemplo). 

Pensei muito antes de escrever sobre isso, até por se tratar de um visão minha sobre o mundo, obviamente ninguém é obrigado a concordar, né?

Pois bem, fui a única menina (durante 8 anos) no meio de 5 primos e um irmão. Participei do universo masculino e partilhei das brincadeiras deles, sem problemas ou restrições, eramos grandes amigos.
Sempre gostei de brincar de bonecas e casinha, mas adorava roubar "os cavaleiros do zodíaco" de Diego (irmão), bater bola, lavar os carrinhos e empinar pipa.
Lembro que eu e meu irmão gastávamos uma tarde inteira, perfilando carros, brincando de estaciona-los ou de leva-los a postos de gasolinas. Eu amava o carro laranja, e sempre perguntava sobre as marcas, pra que eu pudesse dar nomes, rs. Diego já era mais fãs das batidas forjadas, de fingir que os carros explodiam. E mesmo com preferências as vezes distintas, eramos capazes de ir longe nas brincadeiras.

Nós também lutávamos, o ringue predileto era a cama de casal dos nossos pais, Di (apelido do meu irmão) era "Shiriu" e eu Miro (cavaleiro que simbolizava meu signo no zodíaco), levei muitos golpes, como "cólera do dragão", mas não deixava barato e golpeava ele sem dó com a "agulha escarlate", rs. 
Pedro (um dos meus primos) e Diego, sempre brincavam comigo de casinha e ninguém da família nunca tentou impedi-los disso com medo de interferir em suas sexualidades.
Nas férias, quando todos os primos se reuniam e alguns amigos chegavam, a brincadeira predileta era fingir que eramos "irmãos" perdidos no meio de uma selva. Selva essa que nada mais era do que o jardim da minha avó.

"Esse tipo de brincadeira, muitas vezes, faz parte do desenvolvimento normal das crianças. Não caracteriza nada nem determina identidade nem orientação sexual", diz o psiquiatra Alexandre Saadeh, do Núcleo de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do HC-USP." 

Toda essa introdução, foi pra que vocês possam perceber que, brincar de carrinho, boneca, casinha ou sobreviventes da selva, nada mais é do que brincadeira. Que se um menino tem interesse por uma boneca, não significa dizer que ele terá preferências sexuais por homens num futuro próximo. 

Se você for um pouco mais afundo, pode trazer a tona o lugar que nós mulheres andamos tomando na sociedade, lugar este, que era destinado a homens, como chefias em empresas. Se a mulher se candidatasse a tal vaga era recriminada, não era?
E quantas vezes uma mulher não sofreu, na pele, a rejeição em ser aceita numa partida de futebol?  Era coisa de menino, ué. Era...

Também condeno o pensamento que, presentear meninas com fogões ou tabuas de passar roupas, é estimular a garota a ser escrava nos serviços domésticos.
Eu por exemplo, como disse acima, amava essas brincadeiras, e acreditem nem por isso sou "Amélia". Pelo contrário! 

É preciso lidar bem com a diversidade, conhecer todos os brinquedos não influenciará a sexualidade de uma criança, ela apenas está experimentando, conhecendo e diversificando.

Vamos olhar o ponto de vista positivo dessa brincadeira sem gênero, um menino que brinque de boneca, poderá ter maior habilidades com os filhos e até mesmo com as mulheres, ou, uma menina que brinque com carrinhos pode ser uma mega motorista, ou se brincar com blocos, uma engenheira, pq não?

Se um menino brinca de boneca, imitando os cuidados do pai/mãe com o irmãozinho, qual o problema? Crianças tem a tendência de expressar em suas brincadeiras, muitas das ações observadas no cotidianos da família. 
Maria por exemplo, amamentou as bonecas assim que José nasceu, fazia com a maior naturalidade, afinal de contas eu amamentava sem pudores.
Da mesma forma que, ela acha o máximo o pai se "fantasiar" com a camisa do time do coração e ir ao estádio assistir os jogos. E assim que teve a oportunidade e foi ao estádio, imitou o pai, e aos berros cantou o grito de guerra da torcida. 

Eu sempre acho que a "maldade" da coisa tá na cabeça do adulto, ponto.
Muitos inibem as escolhas da criança, por capricho, ignorância e pré-conceito, ultrajante.
Estimular os filhos com os brinquedos, sem regras de gêneros, desenvolverá neles várias habilidades e experiências.

Essa divisão "rosa e azul" é ultrapassada, até demais.
Aqui em casa não temos barreiras, vale o futebol pra Maria, assim como vai valer pra José brincar de casinha com a irmã. Não existe uma prateleira de brinquedos dele ou dela, existem os brinquedos, misturados, para que eles mesmo possam selecionar o que vai pra roda na hora da brincadeira.

O que é determinante na vida de uma criança é a educação que ela recebe, isso sim tornará ele um individuo boa praça, independente da sua escolha sexual. Temo que parar de querer rótulos, e principalmente de querer fazer com que as crianças bebam dessa fonte cruel, chamada pré-conceito. Crianças são puras, não carregam consigo discriminação alguma, (raça, cor ou credo), elas enxergam a alma, só e somente.
E é assim que deve ser.

Vale lembrar que, esse é meu ponto de vista. 

Beijos e até a próxima.  










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Eu, a Maria e o José, vamos adorar um recadinho.

 
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