18/07/2014

Relato de parto {por: Jaci Sales}


Se tem uma coisa que me deixa feliz, é a abrir a caixa de e-mail do blog e encontrar um relato de parto.
Eu sempre termino de ler eles no mínimo arrepiada, parece que eu tô lá, sentindo cada emoção da chegada do bebê.

O relato de hoje é da querida Jaci Sales, mãe da Laura.
A Jaci trouxe no relato dela, uma visão mais crua do parto, um relato carregado de sinceridade e amor. 



" Nunca fui uma dessas mães que sonhavam com o momento do parto em si. Na verdade, as duas opções me assustavam e como uma boa ansiosa, eu só queria me livrar da tarefa, botar a menina pra fora e poder ir pra casa curti-la. Ainda assim, a sensatez me fez optar pelo parto normal, pois sabia que seria melhor para o bebê e pra mim. Hoje, ao lembrar, me sinto um pouco frustrada, pois acho (pra não dizer que tenho certeza) que fui mais uma vítima dos argumentos que os médicos usam para nos convencer do contrário. 

O meu médico nunca conversava muito sobre o assunto, embora não tivesse se negado a realizar o parto normal. Mas lá por volta do 8º mês, fui alertada de que Laura estava sentada e pelo tamanho dela, não teria espaço para se virar e ficar na posição "ideal" para sair por baixo (rsrs). Não contestei e aceitei de que ela ia vir por uma cesárea mesmo.

Na minha última consulta, ainda com 36 semanas, o médico me recomendou repouso total, pois a minha pressão estava altíssima, e que voltasse dali a uma semana para marcar a data para a semana seguinte, quando completaria as 38 semanas. Essa consulta aconteceu num dia de sexta-feira e foi só o tempo para passar o último fim de semana sendo uma só.
Lembro de ter voltado pra casa, entrado no quarto, que já estava pronto, e ficado pensando por horas que dali a muito pouco teria mais uma pessoa dividindo aquele cômodo comigo. A ficha começou a cair a partir desse momento, mas não achei que ele aconteceria tão rápido. Literalmente.
O fim de semana passou e na terça-feira amanheci sentindo fortes cólicas, as quais julguei ser dor de barriga. O processo durou uns bons minutos. Acordava com dores, corria pro banheiro, tentava evacuar o problema, não conseguia, a dor passava, voltava pra cama, acordava de novo com a dor. Lá pra terceira ida ao banheiro, percebi que aquilo estava longe de ser uma dor de barriga e sim minha filha avisando que cansou de ficar lá dentro e queria sair. Bati na porta do quarto dos meus pais, acordei minha irmã, ligamos pro médico e ele confirmou: eu estava em trabalho de parto! Ele mandou que fosse direto pro hospital, que iria me encontrar lá. Nesse momento consegui atingir a calma de monges tibetanos e não entrei em pânico. Fui tomar um banho e calmamente pedi a minha irmã que ela terminasse de arrumar a mala (fica a dica, deixe a mala pronta uns 3 meses antes haha) e que fosse atrás do enfeite da porta da maternidade, que eu não tinha pego ainda. Enquanto a minha irmã estava claramente em pânico com os olhos esbugalhados e sem saber o que fazer, essas foram as minhas maiores preocupações!
A família inteira me acompanhou na ida ao hospital e o que deveria ser uma tirada de 5 minutinhos, pra mim, pareceu uma eternidade. A essa altura as contrações já estavam num intervalo muito curto de tempo e eu tive a plena certeza de que não poderia haver dor maior do que aquela. Sentia como se fosse a pior cólica do mundo elevada a 17 junto com pequenos filhotes de pantera rasgando meu útero. Naturalmente, sem nunca ter feito nenhum curso pré-parto, comecei a respiração cachorrinho enquanto me curvava de dor.
A entrada no hospital foi rápida e logo fui levada para a sala para fazer o maldito exame de toque. Até hoje não entendo a necessidade daquilo, quando já se sabia que o meu parto seria cesárea. Além de ser uma coisa super incômoda, ainda tomei fora do meu médico que disse que "como ia saber se eu sentisse alguma dor de verdade se eu já estava reclamando daquilo". Maldito!
Pouco depois partimos para a sala de cirurgia. E aí nesse momento, sim, começou a bater o pânico. Nem ninguém da minha família se ligou de perguntar se podia entrar, tampouco ninguém da equipe médica perguntou se eu queria acompanhante. Simplesmente me levaram e de repente me vi "sozinha" na sala de cirurgia, tremendo mais do que terremoto e com três enfermeiras me segurando e tentando acalmar para poder me dar a anestesia.
O parto em si foi super rápido, sem muita magia, devo confessar. Não chorei. Lembro de ter ouvido o chorinho e pensado "ela está aqui". Me mostraram-na e o meu primeiro pensamento foi "ela não é loira" (nos meus sonhos ela sempre aparecia loira, como o pai dela era, quando criança). E então foram limpá-la e fazer todos aqueles procedimentos enquanto o médico me fechava. Depois, fui levada (na verdade, abandonada) a uma sala SUPER fria onde eu passei uns 20 minutos que pareceu uma eternidade. Eu não sabia onde estava, porque estava lá e não tinha ninguém pra perguntar. Um século depois, alguém apareceu e me levou para o quarto.
A essa altura, já havia uma multidão de pessoas no quarto. Família, amigos, amigos da família. Todos sorridentes, conversando, parabenizando, gritando gargalhando. Foi um dos dias mais felizes que tenho na memória, principalmente quando ela chegou no quarto. Já estava vestida e penteada (afinal, ela tinha cabelo pra umas 7 crianças) e foi então que eu a observei com atenção. Me caiu a ficha de aquele serzinho que morou na minha barriga por 8 meses e meio estava, finalmente, ali. E ela era tão linda! A tal magia que tanto falavam, chegou um pouco atrasada pra mim. Mas chegou. E nem tinha como não chegar. É realmente mágico esse momento onde você para de ser um para se dividir em dois. Batia uma sensação de vazio no corpo. O bebê que estava ali, agora estava nos meus braços. E o coração, que costumava ficar no meu peito, até hoje, está fora do meu corpo!" 

Concordo demais, o coração da gente começa a bater fora do corpo mesmo!

Depois de ler esse relato carregadinho de carinho, vamos ficando por aqui.
E você mamãe, manda pra gente o seu relato, vamos partilhar essa experiência tão especial. Combinado?

Um beijo e té a próxima!







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