13/08/2014

Relato de parto {Por: Annie Santos}



Adoro a minha caixa de e-mail recheada de relato de partos, uma coisa linda. Leio e releio, sentindo cada vez uma emoção diferente. Ainda mais quando, de uma forma ou de outra eu participei da história. Como é o caso do nascimento da Angelina que a Annie mandou pra gente. Nina chegou ao mundo com a imensa missão, ser a grande companheira de sua mãe. Vamos ler esse relato cheio de carinho.

"Bem, quando Larissa começou a postar relatos de parto fiquei super empolgada pra mandar o meu também, eu precisava sentar, relaxar e escrever como minha florzinha chegou.
Era tardinha do dia 10 de Novembro de 2006, um amigo meu Thiago (Topeira) e o padrinho de nina,  Rafael, tinham ido me visitar. Ficamos conversando , eu com uma sensação estranha. - Ssempre puxando conversa pra ver se passava o mal estar.-Quando eles foram embora, às 17:00, comecei a rever tudo que tinha lido em relação aos sintomas de que “chegou a hora!". Lembrei que havia dormido super mal, uma inquietação, coisas que durante a gravidez eu nunca havia sentido, Nina sempre me deixou dormir super de boa (até hoje). - Ensinei isso direitinho a essa danada (rs).-
A gravidez de Angelina foi a coisa mais linda desse mundo, saia normalmente, com nove meses fui a cidade acabar de comprar o restante do enxoval, e tinha que me virar mesmo, minha mãe ficou muito doente quando eu estava no oitavo mês de gestação, varria, lavava, pulava,  fazia de tudo, sem nenhuma dor em lugar nenhum.
Lembro que,  após eles saírem comecei a perceber uma cólica de leve, mas eu com medo de ter chegado a hora,  fingi que era só má posição. Fui ao banheiro e percebi um liquido sair antes do xixi. Bem, eu já sabia que tinha chegado a hora.
As 18h00min, vendo minha irmã se arrumar, perguntei se ela iria sair, e ela me disse que sim. Avisei que eu estava sentindo cólicas, mas tranqüilizei dizeno: “Relaxa! É só uma cóliquinha e tal, vamos lá à maternidade, como da outra vez, só pra saber se tá tudo bem.
Ela nervosa – parecia  cena de filme - esquecendo de pegar as coisas e eu toda calma, pegando tudo, só que as contrações estavam vindo cada vez mais rápido...falo rápido, pq antes elas vinham a cada 10 min., agora estavam em 05 min. Saindo de casa, minha mãe chorando me jogou uma dúzia de bênçãos, clamando a todos os santos e Nossas Senhoras que me acompanhassem e vigiassem o nascimento da sua primeira neta ( Digo primeira, pq minha irmã por irresponsabilidade do IMIP, perdeu sua filha aos 04 meses de nascida, por pegar infecção hospitalar, por isso sempre tememos levar qualquer criança da família a hospital do SUS, ela temia que isso acontecesse novamente) Andamos até a avenida, por insistência minha, falei que seria bom fazer alguns exercícios antes do parto, entrei no táxi, falei que era pra Maternidade Bandeira Filho, o taxista olhou pra mim com aquela cara de espanto e chegou lá em menos de 10 min. Incrível como o trânsito ficou vago, coisa de Deus mesmo sabe?! Quando saí do táxi, que percebi que Angelina estava querendo nascer, aquela contração que mais parece que ela tá puxando, útero, ovário e tudo mais entendem?! Essa mesma!
Na sala de Triagem, o médico não acreditando que estava na hora (pra variar) me mandou deitar, pra fazer o famoso "toque" e então  percebeu que eu estava com 5cm. Troquei de roupa e fui saindo da sala, pegando o celular e mandando SMS pra Amanda avisar a todos que a mais nova amiga de Brunninho tava vinda ao mundo. Ao chegar à sala de Pré parto, me deparo com uma mulher que gritava como uma louca, a coitada estava perdendo o filho, e a colocaram junto das outras que ganhariam seus bebês, uma puta falta de noção do hospital. Colocar junto de mulheres que choram de dor e felicidade, uma mulher que chora de dor e desespero.
Ao voltar à inquietude começou, mas bem de leve, me mostraram bolas para aliviar a dor e um cavalinho, aquele de criança mesmo sabe? Pedi água e me ofereceram algodão molhado, apenas pra molhar os lábios, recusei né? Que algodão que nada, quero um copo d água!
As 22h00min, sentindo contrações cada vez mais fortes, entra pela sala uma médica, (na maternidade a cada 2h trocavam o médico para vir ver as pacientes) - ainda me lembro como se fosse hoje, a criatura com uma bata com o nome da PRONTOLINDA bordado no bolso – e me manda abrir as pernas. Eu gentilmente deitei do meio pro final da cama, ela fez o toque e viu que a bolsa ainda estava lá, daí então estourou a bolsa, até ai tudo bem, no momento estava com 05cm de dilatação. Não sou de gritar sentindo dor, acho feio e ainda li que quando você grita o bebê sobe, também não havia necessidade. Quando a médica fez o outro toque, MEU DEUS, eu que estava da metade pro fim da cama, gritei numa intensidade que fui parar na parte da cabeça da cama, ela dilatou 02cm  com a mão. Quando acabou, me disse que eu era escandalosa e dramática, que deveria trabalhar em páginas da vida (novela da época), minha irmã que subia no elevador, veio correndo desesperada dizendo que me ouviu gritar de lá de baixo.
Após isso, conheci uma doula, aprecio seu trabalho, mas pra mim, não vi muita utilidade no nascimento de Angelina. A moça coitada ficava me alisando, só que não curto essas coisas sabe? Nem cafuné, fico agoniada! Ainda assim, usei muito o cavalinho, e a bola. Que são muitíssimo úteis putz nunca imaginei que aqueles dois simples brinquedos pudessem ajudar tanto na hora do parto. Pensava: putz! toda grávida deveria ter um desses em casa. (rsrs)


Daí então começava meu sofrimento a cada 2m sentia contração que durava 01m, e a cada duas horas dilatava apenas míseros cms. Chegaram as 04hrs da manhã e eu implorando pra que ouvissem o coração dela, a bolsa tinha estourado às 11 da noite e nada dela. Ela ficava quietinha, nem mexia, e eu desesperada. Lembro como se fosse hoje, eu com a mão na barriga chorando e falando: "minha flor, ô flor da minha vida, venha logo, mamãe tá sofrendo tanto, ajude sua mãe, mexa pra que sua mãe saiba que você está bem" e ela obediente como ela só, mexeu, e mais ainda me pus a chorar de mais emoção.
 Ficamos nessa até as 08 da manhã, quando chega à última médica de plantão e após me examinar fala que não fiz exercícios suficientes. Após ouvir isso, tirei forças de onde não sei, ajoelhei-me na cama e fiz força, uma, duas, após isso, a senti  encaixar, gritando a enfermeira falei que ela tinha encaixado, quase puxando ela pela bata ela veio me ver (quem me conhece sabe que tenho esses lapsos de delicadeza). Então ela vê que ela finalmente encaixou e coroou.
Na segunda força da contração, vem ao mundo aquela escorpiana que iria mudar toda a minha vida. Pesando 3.595 e 49cm. Assim que ela saiu pedi logo para verem se estava tudo bem com ela afinal de contas, a bolsa havia estourado as 11 da noite e naquele momento eram 08:30 da manhã do dia 11 de Novembro de 2006. Já sabia que estava tudo bem com ela, durante esse meio tempo, me mostraram ela e assim que ela me viu deu aquele grito!
Eu pensando que iria para um quarto silencioso que transmitisse paz, mas não tinha vaga ainda, teria que ficar alguns momentos na sala de pré- parto.
Enfim, amamentei minha flor, logo em seguida ela foi vacinada e tudo o mais. Daí então chegou minha tão esperada hora né?! Beber meu copo de água, eu feliz da vida pedi a enfermeira, ela me falou para tomar devagar. Eu como boa menina, tomei-o bem devagar, eu tomando e ficando tonta, a enfermeira aferiu minha pressão e mandou deitar falando que minha pressão estava muito baixa, perguntei quanto estava e ela não quis me dizer.  Bem, deitei. Trocamos de quarto, estávamos bem.
Ao dar meio dia a enfermeira me avisou que logo começariam as visitas, comecei a me arruma. Me arrumando, ficando bonitinha, eu  e nininha. Feliz da vida recebo meus amigos (Amanda, Blico, Larissa e Jéssica). Empolgada com a conversa, bate aquele mal estar e peço para ajudarem a me levantar, e só me lembro de me levantar do chão. Desmaiei! Pressão baixíssima, enfermeira vem desesperada mandando eu deitar e só levantar no outro dia.
Resumidamente foi isso, o hospital público não foi aquele bicho que pensei que era, e sim algumas pessoas. Orgulhosamente mãe solteira. Ela não foi feita com amor, mas com muito carinho que sentíamos um pelo outro, éramos amigos. Mas, recebeu todo amor do mundo a partir do momento que peguei o BETA, vi o positivo e já sabia que era ela, ANGELINA. Me perguntava sempre pq que Deus tinha mandado aquela gravidez daquele modo. Quando ela fez 08 meses minha mãe faleceu, daí então eu entendi tudo, ela veio para ser minha companheira, como sempre foi. Quem me conhece sabe que não poderia ter tido uma filha melhor que essa, nem ela ter uma mãe melhor que eu. Hoje ela tem 07 anos, mais conhecida como nina, nininha, negona minha amiga, companheira tão madura, que às vezes me pergunto se ela tem mesmo 07 anos.
Bem, esse foi meu relato do nascimento da minha negona linda! Espero que gostem!"



3 comentários:

Eu, a Maria e o José, vamos adorar um recadinho.

 
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