06/08/2014

O pai que eu vi crescer. {Sobre Marcelo}



Ele é cheio de sono, um bicho preguiça barbado, sereno e terno, foi batizado como Marcelo, mas eu chamo de meu "namoradinho". - Sempre será meu namoradinho.-
Eu vi nascer e crescer além de um marido, um pai, o "papai Marcelo".

Quando Maria nasceu, achei que só eu era capaz de cuidar bem dela, findei me sobrecarregando, obviamente. Vez ou outra reclamava do cansaço, cobrava de Marcelo um suporte e não compreendia a falta de habilidade dele ou a ausência de iniciativas.
Fiz um exame de consciência, daqueles severos, onde descobri que eu não conseguiria dar conta de tudo sozinha, foi ai que eu percebi que o problema não era ele... e sim eu!
Se Marcelo trocava a fralda, eu fiscalizava minuciosamente, no banho explicava todas as regras, regulava a posição em que ela devia ficar na banheira, destrinchava como ele deveria passar o sabonete e tudo o mais, era uma tremenda ditadora, rs!

"Não faz assim! Não pega assim! Tá errado!"
Essas foram frases repetidas, várias vezes. Eu não conseguia enxergar que eu não deixava ele ser pai, que pra isso ele precisaria criar empatia com Maria, adaptar-se a nova condição - paterna -seria preciso errar, - assim como eu errei bastante - e vibrar com os acertos, sabendo pela troca de olhares que deu certo, que ele tinha conseguido. 
Eu tardei esse processo evolutivo dele, mas antes tarde do que nunca. E claro, ele não me decepcionou!

Algumas cenas são muito vivas pra mim, como a nossa competição para ver quem iria carregar Maria no canguru.
Ou de quando ele a levava para passear, nem que fosse só até a padaria, só pra me deixar tomar um banho com calma. 
Velava a amamentação, para que eu não cochilasse durante o aleitamento, de vez em quando eu escutava aquela vozinha rouca: "Larissa, você está dormindo..."
Lembro bem de quando ela ficou doente pela primeira vez, ele foi o equilíbrio para o nosso emocional, tentando resolver tudo com calma, falando sempre que tudo ia ficar bem. - Eu tenho certeza que teria surtado (muito mais!) sem ele. -
Ainda assim, o primeiro dia de aula da Maria, me fez ver um homem carregado de sentimentos, orgulhoso da independência da primogênita.
As vezes ele para do nada, admira ela, puxa e enche de beijos, sempre dizendo que ama e perguntando se ela sabe que é a menina mais linda do mundo! 

Quando descobrimos que seríamos 4, eu estava trancada no banheiro, sozinha, com um exame de farmácia em mãos, marcando as duas listras, POSITIVAÇO!
 Enquanto eu ainda não conseguia distinguir minhas emoções, ele só me pedia para abrir a porta e repetia que estava feliz, muito feliz! Ele como sempre, foi terno, beijou a barriga e convidou José para a nossa vida. E Zé veio, ele acertou, era um menino, o José dele, o nosso José.
Ele me acompanhou no parto e ter ele ao meu lado, respirando a mesma atmosfera que eu, esperando pelo primeiro encontro com José, foi sentir que a felicidade era palpável. Cada carinho no meu cabelo, cada sorriso nervoso e sinais com os olhos, me indicando que tudo ia bem, me faziam repetir para mim mesmo, EU ACERTEI!

Dessa vez ele era pai feito, conseguiu seu "upgrade" sozinho, carregando uma bagagem cheia de experiências. 
O banho não precisou de uma orientadora, a troca de fraldas então, nem se fala, rs!

Sim, eu perco quando a pergunta é: "Maria, você quer dormir com o papai ou a mamãe?"
E até José anda virando a casaca, quando o pai foge do campo de visão, começa o choramingo, rs.

E se eu tenho ciúmes? Não, juro que não! Pelo contrário, amo ver e viver essa reciprocidade deles, essa sinergia linda que um pai deve ter com os filhos.
O pai que ele é hoje, não foi uma criação minha, a paternidade foi abraçado pelo coração largo que Marcelo tem, pela vontade de filhos que sempre foi eminente, por esse amor que nasceu junto com cada fruto nosso.
Maria e José não poderiam ter um papai melhor do que esse!

No meio de tanta gente, entre tantas turbulências, nós findamos sendo um só, germinamos e trouxemos ao mundo a nossa prole, e eu te agradeço por ter seguido comigo nisso tudo.
Os meninos amam você, e eu também!







1 comentários:

Eu, a Maria e o José, vamos adorar um recadinho.

 
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